Língua galega

Língua galega
A língua galega ou galego (pronúncia galega: ) é a língua ibero-românica ocidental de caráter oficial na Comunidade Autónoma da Galiza, falada também nas Astúrias, Castela e Leão e pela diáspora galega, localizada principalmente na Argentina, Brasil, Cuba ou Uruguai.

Com raízes comuns, iniciou a sua divergência da língua portuguesa no século XIV, e é regulada pela Real Academia Galega. Devido às semelhanças que mantém com o português, é por vezes referida no contexto do galego-português, "português da Galiza ou o codialecto galego do português" uma perspetiva organizada na forma do reintegracionismo galego, cujas normas ortográficas seguem estreitamente as do português. Porém, é definida como língua em próprio direito no dicionário da RAG, uma postura seguida pelas instituições autonómicas e respeitada pelo Governo Português. A fala de Xálima, com influências leonesas, também pode ser classificada no seu âmbito.

O galego como primeira língua é mais comum entre os mais velhos menos entre os mais novos, com quase 80% dos galegos com mais de 65 anos tendo a língua como primeira língua, e menos de 40% dos habitantes da Galiza entre 16 e 25 anos em 2003 com a língua como sua língua-mãe.

A língua galega vem do galego-português, que expandiu-se para sul juntamente com a expansão da Reconquista Cristã sobrepondo-se aos dialectos moçárabes, ou seja, à língua falada pelos cristãos sob domínio muçulmano. Era língua autóctone a norte do rio Douro e língua de colonização a sul do mesmo. Com a proclamação de Portugal como um estado independente, a Galiza ficou confinada ao extremo noroeste da Península Ibérica. Portugal e Galiza perderam a sua comunicação/ligação, com esta independência, o que viria a ser crucial em termos de língua. A Galiza por não ter conseguido albergar a capital, Braga, não passaria de uma variedade regional do castelhano. Aqui começam os dois ramos a divergir, a evoluir em sentidos distintos, isto devido à falta de comunicação entre as duas regiões e com o estabelecimento de Lisboa como capital, a situação viria a se acentuar. Isto porque, sendo a variedade de Lisboa considerada a norma, as variedades setentrionais de Portugal não passariam de variedades regionais, com uma tendência a seguir a norma, de Lisboa. Focando as atenções em Lisboa, o português setentrional começou um processo de normalização, tentando o mais possível aproximar-se da língua padrão que era a de Lisboa e, simultaneamente, diferenciando-se das variedades setentrionais da época (hoje galego).

Com a expansão marítima portuguesa, a língua portuguesa foi também levada para territórios longínquos. Esta variedade começou a ganhar prestigio, sendo que já no século XVI era uma "língua feita" com gramáticas e literatura de todos os géneros, enquanto que a Galiza carecia de literatura ou gramáticas. A corte também não propiciou a evolução da língua galega, tendo uma influência assustadora na língua galega. Uma corte alheia à língua galega passou a ser a corte galega, levando o prestígio do castelhano juntamente com o seu prestígio individual. Isto leva a Galiza a ficar confinada a um pequeno espaço, entre duas línguas extremamente poderosas. A língua galega ia sendo penetrada de castelhanismos enquanto o português ia-se diferenciando a uma velocidade gritante. Os galegos cada vez mais "tentavam apropriar-se com todas as suas forças daquele formidável instrumento de ascensão social e económica que o castelhano representava na Galiza" reservando o galego aos meios rurais. A confusão entre os dois idiomas inicia-se com a confusão entre as sibilantes surdas e sonoras que é considerado o momento em que o galaico português, finalmente, partiu-se em dois idiomas distintos: a língua portuguesa e a língua galega. Desde cedo a língua galega vem a cair tendo o seu início quando foi "arrebatado" da escrita notarial em 1480, data a partir da qual o castelhano viria a dominar quase totalmente o galego no que tocava a situações de formalidade. Na segunda metade do século XIX, com um galego bastante fragmentado, estigmatizado e visto como um meio de comunicação reservado ao meios rurais, nasce um movimento chamado o "Ressurgimento" (Rexurdimento em galego), tal como acontece na Catalunha. Este movimento visava a propagação e cultivo do idioma de modo a torná-lo uma língua de prestigio. O sucesso deste movimento foi tal que grandes escritores, estrangeiros e nativos da língua galega, seguiram as suas ideologias e proporcionaram ao galego momentos de ascensão. Houve um aumento significativo nas obras escritas em galego. Mais tarde, já no século XX, com a Guerra Civil Espanhola e com ditadura de Francisco Franco, a língua galega voltou a sofrer perdas irreversíveis. Proibida por Francisco Franco, ironicamente natural da Galiza, tal como o catalão e as outras línguas do país, punida caso fosse falada, ensinada ou difundida. Desenvolveu-se num clima de clandestinidade o que originou a uma aquisição deficiente da língua por parte das gerações até ao final dos anos 70, quando o regime ditatorial caí e é reconhecida novamente a categoria de língua tanto ao galego como às outras línguas que se falavam em Espanha. O galego até hoje têm vindo a cair, a "perder terreno" face ao castelhano, embora os esforços para reavivar o gosto por esta língua, são cada vez mais o número de monolingues espanhóis na Galiza, ou seja, o galego, embora não esteja em risco de extinção, está numa situação preocupante de diglossia face ao castelhano. Importa realçar a importância de algumas instituições e plataformas que lutam diariamente pela sobrevivência deste idioma, como é o caso da plataforma «Queremos Galego!» e da própria Real Academia Galega (RAG) que têm juntado todos os seus esforços, anualmente, para a difusão deste idioma que cada dia mais se perde face ao castelhano.

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